segunda-feira, 22 de março de 2010

APOLO


Os registros mais antigos (confiáveis) do culto de Apolo na Grécia parecem ser os do século XI a.C. Alguns historiadores supõem que ele já era adorado lá alguns séculos antes disso, mas aí são basicamente só suposições.
Aparentemente foi no século XI a.C. que ele passou a receber culto na cidade de Delfos, que, antes dele, tinha como deusa protetora uma divindade feminina ligada às trevas (a deusa Gaia, de acordo com a maioria dos historiadores). Assim, a cidade passou por uma grande mudança, já que o deus protetor dela passou a ser uma divindade masculina ligada à luz.
Delfos era um vilarejo simples antes da chegada do culto de Apolo. E a deusa adorada pelos habitantes era vista como dona de um oráculo: os consulentes iam ao templo ali existente pra fazer perguntas aos sacerdotes dela sobre o futuro. Mas mesmo depois da chegada de Apolo, esse caráter foi mantido, só que Apolo passou a ser visto como dono do templo e do oráculo existentes ali: de todas as partes da Grécia passaram a chegar peregrinos, querendo fazer perguntas ao Oráculo de Delfos.
Mas mesmo 300 depois disso, no século VIII a.C., ainda se viam alguns poucos vestígios de um culto matriarcal nas cerimônias de adoração a Apolo em Delfos.
Bom, era em frente a esse templo de Apolo que ficava escrito aquilo que era exatamente o único dogma escrito do Helenismo Antigo:

“Conhece-te a ti mesmo”

Quanto à origem de Apolo, ele parece ser um deus nativo do Oriente Próximo, tendo seu culto levado à Grécia um pouco antes do século XI a.C e, como já foi dito, se fixando lá pouco depois.
Como a gente já viu, em Delfos, ele desenvolveu antes de tudo um caráter de deus oracular, que responde as perguntas dos fieis sobre o futuro. Mas no resto da Grécia, ele adquiriu as mais variadas imagens e passou a ser visto como deus dos mais variados elementos e protetor de diferentes tipos de pessoas: ele foi visto como deus da Primavera, deus dos arqueiros, deus dos pastores, deus dos tocadores de lira...
Em algumas regiões, Apolo foi louvado como deus da saúde e da doença, podendo dar tanto uma quanto a outra. Não faltam mitos e lendas que mencionam ele mandando epidemias de peste contra cidades e, assim, matando vários habitantes por algum sacrilégio cometido ali, tanto quanto lendas e mitos que falam dele fazendo a doença recuar e trazendo a cura pra quem merece ser poupado.
Por isso mesmo, uma das atribuições dele é a de deus protetor dos médicos.
Mas parece que foi como deus do Sol que a imagem de Apolo mais se desenvolveu na Grécia (perdendo apenas pra imagem dele como deus dos oráculos).
Como deus do Sol, eventualmente, ele era imaginado como uma figura majestosa (mas sempre jovem) e cercada por uma luz fascinante, inferior apenas à Luz de Zeus.
Aliás, a beleza masculina tão incomparável de Apolo, que, de acordo com os mitos e lendas, seduziu tantos amantes de ambos os sexos, era responsável pela multidão de filhos que o imaginário popular atribuía a esse deus. Mas esses mesmos mitos e lendas contam que ele nunca criava esses filhos. Ele até se vingava violentamente quando alguém fazia alguma coisa contra um filho dele, mas não era presente na vida dos filhos.
E nenhum mito ou lenda diz que ele se casou.
Assim, podemos ver Apolo como o símbolo religioso do homem que pode ser adorado, mas nunca tido de forma mais próxima. Um homem a quem é possível amar, temer, reconhecer como superior à maioria dos outros homens e com quem se pode até ter alguns momentos de prazer físico. Um homem de quem se pode cobrar proteção e justiça, sabendo que tais cobranças vão ser atendidas, mas que nunca vai ser um pai presente nem um parceiro amoroso presente. Porque ele é superiormente intocável demais pra isso e tem funções superiores demais a essas pra exercer.
Como seja, o traço dominante de todas essas formas diferentes de adoração a Apolo era a associação dele com a deusa Ártemis.
Vários animais são consagrados a Apolo (provavelmente por causa da associação com Ártemis), mas um dos principais é o cisne branco. E o vegetal consagrado a ele era a erva alucinógena mascada pelas sacerdotisas de Delfos quando realizavam certos rituais, mas que hoje não se tem certeza do que se trata.

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