domingo, 27 de junho de 2010
As mulheres e a Terra
A conexão entre as mulheres e a Terra tem história. Desde o período Paleolítico, as mulheres são associadas à fertilidade pelo claro fato de darem à luz novas vidas. Assim, quando são encontradas esculturas como a Vênus de Willendorf (datada de 35.000 anos antes da era cristã), sabemos que a fertilidade da mulher era algo praticamente sagrado para os nossos ancestrais. A humanidade demorou para perceber que o homem tinha um papel na concepção, e por muito tempo acreditou-se que a gravidez era ocasional, ou senão, fruto apenas do misterioso corpo da mulher. Há inúmeras lendas à respeito da concepção. Existe uma famosa entre o meio pagão: acreditava-se que as mulheres ficavam grávidas quando tomavam banho de lua à noite, nuas. Na verdade, há uma série de lendas, dependendo da civilização.
Assim, aos poucos a mulher foi sendo comparada à tudo na Natureza que dava vida. A Terra, como a Deusa, tinha como sua representante humana a mulher. Nada de mais nessa comparação: se algum “ser divino” tinha o poder de criar novas vidas, obviamente deveria ser mulher, já que as fêmeas ficavam grávidas e davam à luz. Para os povos antigos, isso era muito claro e não havia problemas nessa visão. A conexão entre as mulheres e a Terra era óbvia para eles.
No entanto, com o passar dos anos, séculos, a instituição das cidades e o distanciamento da Natureza, as mulheres foram perdendo essa conexão diária e real. Hoje em dia, há muitas mulheres resgatando essa crença, o que as tem beneficiado na relação com seu próprio corpo e com o seu eu interior. Não se trata de feminismo, mas do resgate de uma crença no Sagrado Feminino. De forma alguma o Sagrado Masculino é ignorado ou mesmo desprezado, visto que se complementam. Apenas por sermos mulheres, enfatizamos o lado feminino. Simples assim.
Dessa forma, preparei um ritual simples de conexão com a Terra, que pode ser feito por qualquer mulher que esteja interessada. O objetivo do ritual é a harmonização interior e a afirmação do amor por si mesma e por tudo o que a cerca. Pensei em elaborar este ritual nesta época do ano, pois ela é extremamente favorável, partindo do ponto de vista da própria Natureza. Afinal, estamos chegando no Outono, época de repouso e equilíbrio. Estamos sob a regência de Peixes, um signo da água, caracterizado pela sensibilidade emocional e psíquica que nos dá acesso a outras dimensões conscientes e inconscientes. Da mesma forma, a Lua está regida pelo seu signo oposto, Virgem, um signo da terra que promove a ordem, o senso crítico e a estruturação. A combinação desses dois signos favorece o plantio de novas sementes em nossa vida, mentalmente e fisicamente. Podemos nos tornar menos críticas; julgar menos e aceitar mais, acessando novos planos de percepção. Você vai precisar para este ritual:
* 1 vela verde e 1 vela marrom;
* Uma cumbuca com sementes de qualquer espécie;
* Algumas folhagens ou flores silvestres;
* Uma taça com lama (água + terra);
* Incenso de lavanda;
* Essência de hortelã ou capim-santo;
* Pedras verdes e/ou marrons;
* Música com sons da Natureza ou sons de tambor;
* 1 pão de cereais;
* 1 copo de suco de verduras ou frutas.
Você pode dedicar este ritual a uma Deusa da Terra especifica do panteão que você trabalha, ou dedicá-lo de maneira geral à Grande Mãe Terra. Qualquer forma que você escolher estará correta. Algumas Deusas da Terra são: Cerridwen, Deméter, Bona Dea, Cibele e Gea.
Todo este material você vai organizar na forma de um altar, da forma como está habituada. Acenda as velas e o incenso. Unja seus pontos de poder (os chamados chackras) com a essência escolhida. Lance o círculo de forma usual e faça uma meditação para relaxamento, até achar que está pronta. Não demore menos de dez minutos com este exercício. Quando achar que está bom, visualize todos os itens no seu altar. Sinta-se na Natureza, pois você é Dela. Medite olhando para o fogo das velas… Depois observe como a água e a terra se completam virando a lama… Observe as sementes, que são os embriões de novas plantas, e pense no sentido da vida. Medite sobre todos esses aspectos. Diga para si mesma, finalmente: “Me sinto conectada ao Divino e com toda a humanidade”.
Feche os olhos e imagine-se banhada por uma luz verde brilhante que sai da Terra e imana por todo o seu corpo. Sinta como essa luz remove todos os pontos escuros de sua vida. Preste atenção em sua respiração, e veja como seu coração pulsa junto com o centro da Terra. Somos apenas Uma. Visualize uma luz rosa saindo de seu coração e misturando-se à luz verde. Então diga: “Amo a mim mesma e tudo aquilo que me cerca”.
Segure o pão e o copo de suco em suas mãos e consagre estes alimentos em nome da Deusa. Enquanto os ingere, sinta como está se conectando ainda mais com a Terra. Quando achar que está bom, agradeça à Deusa pelo ritual e desfaça o círculo. Enterre as sementes e jogue a lama por cima delas, assim como as folhas e flores. Enterre junto uma de suas pedras, como oferenda à Terra.
Bênçãos sobre todas nós…
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